terça-feira, 23 de novembro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Cinco pontos no dia dia 02 de janeiro de 2010


Na praça iluminada de Ribeirão, estatelar-se no chão seria típico gesto infantil. O assombro diante da beleza da passada, o apuro e o cuidado fraternal. Corria agora ele, depois ela. Giulia e Luan soltos pelo espaço, entre árvores e turistas. Ela sentou-se e amparada estava pelo banco da praça. Ele tentou, mas não sentou. O seu tamanho era escasso. Ele enfim, quedou. A cabeça tocou com força a guia da calçada. Corri desesperada e logo a minha mão segurava a sua nuca. Sandra e Brasa olhavam sem pressa. Tinham saído a passeio. Vi então minha mão ensaguentada. Tremia. E a Giulia, cadê? Tremia tanto e sentia medo. Brasa tirou-o dos meus braços. E se o tombo fosse o fim? Depois a família toda rumo ao pronto socorro. O Pinguim terá que esperar! Ano Novo começando com pingos de sangue infantil na roupa nova. Sorte minha ser vermelha!. No hospital, a família lotava a sala de espera. Na maca Luan deitado, preso pelas pernas e pelos braços, com três médicos, uma mãe e uma tia enfermeira sobre ele. Mesmo assim ele gritava. "Já tá bom, já tá bom!". Ele só queria ir pra casa. Ele fazia força. Era o meu papel estar ali, mas no fundo eu não queria. Ele se lembraria de mim como aquela que o obrigara a levar cinco pontos na cabeça, os primeiros cinco pontos da sua vida,costurados cuidadosamente em meio a uma vasta cabeleira infantil. E nem foi idéia minha não cortar os cachos! Esvaziamos a sala de espera e voltamos pra casa, era quase madrugada.