domingo, 1 de outubro de 2006

Poema de mãe tecido em declarações de amor ou Todas as mães são imperfeitas

Gosto de muitas coisas imperfeitas
Minha mãe é a primeira delas
Sua imperfeição me comove
Seus traços tortos, iguais aos meus, quanto poesia!
Seu olhar cansado da labuta vida
Seus sonhos esquecidos...não é mais menina
Lembro das palmadas injustas
Dos solavancos tropeiros
Da palavra doída em momento de dor
Olho teu olho no fundo
Suas lágrimas não derramam mais
E apesar de tudo sei do seu amor
não disse as melhores palavras. Não soube.
mas disse as palavras certas.
não ofereceu o melhor estudo. Não pôde.
mas deu o melhor exemplo.
não teve o melhor marido.meu pai.
mas me deu a melhor família. Que pôde
eu vejo a minha mãe e ela existe
Traços tristes, boca seca
Saio de casa e sinto sua falta
Falta dos impropérios verbais
Das dificuldades no abraço
Dos comentários gerais
Ela existe, está ali.
Pronta... Mãe
não é perfeita...nem de longe, nem de perto
mas é impossível não amá-la
é uma criança solta no mundo
um pequeno príncipe às vezes
tanta curiosidade diante do mundo
sua insônia constante, seu espirro profundo
suas paixões, música, amigas de infância, bahia.
olho pra ela e me vejo
eu me vejo em sua imperfeição
Lanço o meu coração ao longe e ela vai grudada nele
Como se fosse ela mesma o meu próprio coração
Então percebo o quanto ela precisa do meu acalanto, do meu afago, do meu senão
sofro sua dor profunda
peno sua solidão
agradeço todos os dias tê-la conhecido
em toda a sua imperfeição...
imperfeição que também é minha
Para dona glória, mulher do seu pedro do bazar, mãe da sandra, da bel, da lucia , da claudinha e do elmo. Mulher que veio da bahia e trouxe um presente pra são paulo: o elmo.

Maio de 2005

Um comentário:

Unknown disse...

Lindo, muito lindo. Não me permitiu, mas copiei e postei. Desculpe-me, momento de dor. Queria recitar seu poema a ela, no entanto, não é mais possível.

Agradeço por ter me possibilitado encontrar algo tão parecido com ela.