sábado, 14 de janeiro de 2012

(des) aprendendo a amar

Acabei de perceber que em 2011 nada escrevi sobre o Luan e sobre nossa relação.
Talvez a falta de tempo e com ela a escassez cada vez maior das palavras.
Foi um ano de muito trabalho e pouca esperança.
Uma nova cidade nova. Uma nova escola nova pra Luan.
Fiz várias viagens e duas delas com o Luan e duas delas para fora do país.

Mas, lembrei de um pequeno texto que escrevi em algum momento de 2011 . Aqui está:

(des)aprendendo a amar
por Claudia Alves Fabiano, quinta, 25 de Agosto de 2011 às 19:25


Vi uma cena triste na frente da escolinha do meu filho ao ir buscá-lo hoje.Dois menininhos estavam com a mãe, felizes da vida. Um amiguinho no outro carro. Um dos menininhos gritou para o outro (que estava no carro): " Pedrooooooo, te amo!!!". A mãe ficou brava: " Pára com isso menino!". O irmãozinho menor achou bonitinho e repetiu: " Pedrooooo, te amo!!!". A mãe ficou muito, muito brava e disse: " Para com isso, menino! Você é homem ou boiola?". O menino olhou a mãe atônito, porque não entendeu nada. Agora, me diz, crianças de 5 anos sendo educadas assim? Um dia triste. Afinal, hoje ele tinha aprendido um pouco sobre amor e aí desaprendeu na mesma hora.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Cinco pontos no dia dia 02 de janeiro de 2010


Na praça iluminada de Ribeirão, estatelar-se no chão seria típico gesto infantil. O assombro diante da beleza da passada, o apuro e o cuidado fraternal. Corria agora ele, depois ela. Giulia e Luan soltos pelo espaço, entre árvores e turistas. Ela sentou-se e amparada estava pelo banco da praça. Ele tentou, mas não sentou. O seu tamanho era escasso. Ele enfim, quedou. A cabeça tocou com força a guia da calçada. Corri desesperada e logo a minha mão segurava a sua nuca. Sandra e Brasa olhavam sem pressa. Tinham saído a passeio. Vi então minha mão ensaguentada. Tremia. E a Giulia, cadê? Tremia tanto e sentia medo. Brasa tirou-o dos meus braços. E se o tombo fosse o fim? Depois a família toda rumo ao pronto socorro. O Pinguim terá que esperar! Ano Novo começando com pingos de sangue infantil na roupa nova. Sorte minha ser vermelha!. No hospital, a família lotava a sala de espera. Na maca Luan deitado, preso pelas pernas e pelos braços, com três médicos, uma mãe e uma tia enfermeira sobre ele. Mesmo assim ele gritava. "Já tá bom, já tá bom!". Ele só queria ir pra casa. Ele fazia força. Era o meu papel estar ali, mas no fundo eu não queria. Ele se lembraria de mim como aquela que o obrigara a levar cinco pontos na cabeça, os primeiros cinco pontos da sua vida,costurados cuidadosamente em meio a uma vasta cabeleira infantil. E nem foi idéia minha não cortar os cachos! Esvaziamos a sala de espera e voltamos pra casa, era quase madrugada.



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Feriado de Carnaval

Lá vai ele, um tanto maior e com vocabulário mais amplo.
Pego-o ao colo e os centímetros extrapolam o esperado.
Fico longe e pareço ter perdido a função.
Aperto-o como se o aperto permitisse a repetição.
Evito chorar.
Filtro os pensamentos para sentir menos.
Peno.
Esvazio. Ao menos por um segundo.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Orvalhada

Essa é a estória de uma flor que ficou agonizando sem água muito tempo no jardim.
Via que as gotas que caíam faziam questão de despistar-se dela, como se a florzinha não fôsse digna de enxaguar-se e embeber-se de água tão límpida.
Ela então não conseguia chorar, nada saía de dentro dela.
Olhava pra cima e abria a boquinha no limite de sua arcada. Mesmo assim a gota, sorrateira, fazia parecer que cairia bem ali, e desceria sorridente por dentro da florzinha. Mas na hora "h" pulava pro canto e escolhia outra plantinha pra matar a sede.
E florzinha ficava ali, tristinha, esperando uma gotinha.
Nada.
Um dia vendo que tudo em sua volta florescia e ela definhava, tentou perceber o porquê. Pensou. fechou os olhos, abriu. Fechou de novo. Abriu de novo. nada. Não entendia. Aí cansou do silêncio e de ficar olhando pra si e perguntou, finalmente, perguntou: " Por quê?".
As plantinhas ao redor não acreditaram no que ouviram, afinal aquela florzinha falava?! Tão sequinha que estava, eles achavam que não existia. Foi estranho, vê-la dizer, vê-la perguntar. Sorriram. No dia seguinte, ao acordar a florzinha percebeu que estava orvalhada e reluzia.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Conta uma estória? Da bruxa e do lobo mau?






E a estória começa assim: Um Lobo muito mau que no fundo era bom conheceu um menino voador chamado Luan, que nunca cresceu. Aí a bruxa que não era tão boa mas que o menino voador gostava mesmo assim apareceu montada na vassoura e riu, daquele jeito que as bruxas dos contos de fada riem.
Os dois resolveram dormir , fecharam os olhinhos, se abraçaram, bocejaram e...
Só a mãe dormiu.

Ano Novo: Luan e mamãe "clódia"


sábado, 27 de dezembro de 2008

Sem espaço para os homens

Há dois anos e meio desacreditei
Fizeram-me, com potência, desacreditar
Se chega alguém gentil e sorridente
Trato logo de correr
Enfio-me no fundo de mim e respiro fundo
prefiro a solidão
os livros, os amigos
o filho
Trato logo de encarar um pote de pipocas
um gole de coca-cola
o trânsito as seis da tarde
Também´faz dois anos e meio
que encontrei algum sentido para estar
chegou em mim um abraço colorido
um sorriso de menino
impossível não vibrar
Entendi a amizade
a família de verdade
e quem devia amar

2009

Que venha!
Novo e limpo.
Que venha!
Com casa nova e armários embutidos
pra gente enfiar tudo aquilo que não merece estar a mostra.
Que venha!
Pra dois.
Sem espaço pra mais ninguém.
Que venha!
Cheio de trabalho, de leituras, de amigos novos.
Que venha!
Com novos tombos,
mas que demorem.
Que venha!
Agora estou preparada.